#4

São 3 e qualquer coisa da madrugada... Estou deitada à tempo suficiente para os meus olhos verem claramente a escuridão do meu pequeno quarto. Dou voltas e mais voltas, e volto a virar-me por debaixo dos lençóis humedecidos pelas minhas lágrimas... Mas porquê? Porquê tamanha revolução de pensamentos? Porque me invadem vocês tanto tempo depois? É nestas alturas que gostava de me transformar num urso e hibernar, até a dor passar... Quero tirá-la do meu peito, pois já não me resta saudade, simplesmente essa saudade transformou-se em falta...Como li esta noite, " a saudades é quando sabemos que iremos voltar a ter ou a ver aquilo ou aquela pessoa novamente, e sentir falta, essa significa que, por muito que queiramos, sabemos que nunca mais voltaremos a ter ou a ver", nem mesmo a sentir... Sim, sinto a tua falta, sinto falta do teu rosto cansado, sinto falta das tuas mãos calosas e quentes, que nos Invernos frios aqueciam as minhas doces mãos de miúda, sinto falta do teu cheiro e do teu toque, sinto a falta do teu abraço... Sinto a falta do teu beijo na testa de bom dia ou das tuas despedidas, quando me dizias "txau, txau, beijinho, beijinho" sempre me habituas-te a isto e agora? Agora tudo se foi, os "allos" quando atendias o telefone, e as despedidas que adorava, sinto falta disso tudo... Sinto acima de tudo, a falta da tua pessoa, pois sei que nunca te vou voltar a ver, nunca te vou voltar a sentir nos meus braços... Sinto a falta daquela pessoa que contribuiu para aquilo que sou hoje. Aquela que me punha um sorriso na cara só com um abraço ou uma simples adivinha... Ou com aquelas perguntas complexas de "a que horas partiu o comboio da estação?" e não importava quantas vezes me fizesses essa pergunta eu nunca saberia a resposta para te dar. Nunca entendia essas perguntas, mas pouco importava, passava tempo de qualidade contigo. E agora, já passaram 10 meses, e como o tempo voa... E durante estes 10 meses, nunca me tinha sentido tão fraca, vulnerável, pequena e frágil... Embora saiba que foste e que lutaste até ao último minuto, eu ainda não me habituei como gente grande, a entrar na tua sala, e não te ver lá... Trago uma fotografia tua sempre na carteira, tu sim, foste, és e serás, sempre o meu grande herói. O meu exemplo a seguir. O meu orgulho. Sempre serás a pessoa que melhor me viu crescer e que mesmo com os meus inúmeros defeitos, nunca me julgou, nunca criticou a minha roupa e muito menos me disse o que devia ou não fazer. Sempre gostaste que cantasse para ti, e eu fazia-o com a maior das vontades, espero voltar a ver-te um dia. E que estas lágrimas, se voltarem a cair, não me tirarão o sono, porque tu foste forte e lutaste por ti. Por muito que faças falta, foi melhor assim... Custa-me dizê-lo, mas tenho de aprender a enfrentar esta verdade. Enfim... Sinto tanto a tua falta. Obrigada por teres sido quem foste e por me teres ensinado tanta coisa bonita. Obrigada por me mostrares o mundo e lhe dares cor. Obrigada, por pintares a felicidade. Obrigada. Obrigada por lutares e nunca desistires. Meu querido, meu rei, nunca te vou esquecer, e espero que nunca me esqueças, estejas onde estiveres. Cada lágrima que me limpaste, cada sorriso que me deste são mais que motivos, para te querer de volta. E um dia isso vai acontecer, vais ver! Vou correr novamente para ti e abraçar-te. Até lá, digo-te "até já".

Amo-te avô ♥